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10 de dezembro de 2009

A ISO 26000, felizmente, NÃO será certificável!

A futura ISO 26000:2010 será uma norma internacional de alto nível, que fornecerá princípios e diretrizes genéricas para a Responsabilidade Social das organizações.

Ela poderá (e já pode, na versão DIS - Draft International Standard) ser utilizada por qualquer empresa pública, privada, associação, grupo, etc. A futura norma não será específica para nenhum tipo de indústria ou setor. Os princípios e as diretrizes contidas na norma podem ser aplicados ao longo da vida de uma organização e a uma ampla gama de atividades, incluindo estratégias, decisões, operações, processos, funções, projetos, produtos e serviços.

A ISO/DIS 26000 é bastaaaaaaaante clara no seguinte aspecto: "esta Norma Internacional não é uma norma de sistema de gestão. Não visa nem é apropriada para fins de certificação ou uso regulatório ou contratual. Quaisquer ofertas de certificação ou alegações de ser certificado conforme a Norma ISO 26000 seriam uma má interpretação da intenção ou propósito da Norma..." (grifos meus)

Está, portanto, muito clara a questão da certificação na 26M, certo?

Na minha visão, o problema central que está por trás dessa enfática diretriz da 26M está justamente no que a certificação de sistemas de gestão se transformou... num imenso "mercadão" em que se vende de tudo e por qualquer preço!

E aí se apela a tudo que é tipo de jeitinho para se obter o "certificado": desde a compra de documentos já prontos em que a empresa apenas coloca o seu logotipo e preenche algumas poucas características específicas de seus processos, até - e isso é o mais grave e inaceitável - a contratação de "esquemas conjugados" de consultoria (muitas vezes disfarçada de "treinamento") e de certificação...

Por causa do salve-se quem puder que virou o "mercadão da certificação", não é de estranhar que cada vez mais empresas estejam abandonando a certificação. Embora a maioria das organizações que escolheram o caminho da certificação (por exemplo, pela ISO 9001 ou pela ISO 14001) ache que a experiência vale a pena, organizações de todas as partes do mundo estão chegando à conclusão de que o processo de manutenção da certificação é caro demais e que as auditorias de acompanhamento dos organismos certificadores estão atoladas de burocracia, não agregando efetivo valor intrínseco aos seus negócios.

Além disso, essa tendência está aumentando porque, à medida que as versões revisadas das normas vão sendo publicadas, vai ficando bastante claro que uma quantidade enorme de empresas jamais esteve comprometida de fato com os princípios, por exemplo, da qualidade ou da preservação ambiental, e seus sistemas de gestão certificados, em consequência, estão gradualmente se desintegrando...

É por todos esses motivos que reafirmo que, felizmente, a ISO 26000 não será certificável. Somente aquelas organizações que tiverem plena consciência da importância de gerenciar suas questões (issues) de Responsabilidade Social é que desejarão adotar e implementar pra valer os princípios e as diretrizes da 26M. Poderão depois (se sair uma norma auditável baseada na ISO 26000) até querer se certificar para dar mais garantia para seus stakeholders, mas aí a história terá que ser diferente...

E vocês, o que acham de tudo isso"?